
O nascimento de um bebê também traz à tona emoções profundas na mulher
O impacto do parto na saúde mental: o que ninguém te contou
Quando se fala sobre o parto, a atenção geralmente se volta para o bebê: se nasceu bem, quanto pesou, se mamou. Mas e a mulher? Como fica a saúde mental de quem passou horas em trabalho de parto, entre dor, medo, ansiedade e um amor que mal começou a se formar?
Esse texto nasce da história da Aline, uma das leitoras aqui do Meu Pandinha. Mãe de um menino lindo, ela compartilhou comigo algo que pouca gente fala em voz alta: o impacto do parto na saúde mental pode ser profundo, silencioso e até traumático — mesmo quando o bebê nasce saudável.
Quando o corpo para, mas a cabeça não
Aline me contou que, logo após o parto, sentia-se em alerta constante. Seu corpo doía, mas sua mente não desligava. Ela descreveu uma mistura de euforia, medo, alívio e culpa. Dormia pouco, chorava muito, e não conseguia entender por que se sentia assim. Afinal, seu bebê estava bem. Não era isso que importava?
Esse é um momento de transição intensa. O parto não é apenas o nascimento do bebê, mas também o renascimento da mulher. E esse renascimento pode ser confuso, assustador, cheio de dúvidas e sentimentos ambíguos.
Parto e trauma: quando a experiência fere
O que muitas não sabem é que partos aparentemente “tranquilos” também podem deixar marcas emocionais. Aline lembra que ninguém explicava o que estava acontecendo. Sentiu-se ignorada, tratada com frieza. E ouviu aquela frase que tantas mulheres escutam: “na hora de fazer, não reclamou”. Palavras que ecoam por muito tempo dentro de quem já estava vulnerável.
Mesmo com um parto fisicamente bem-sucedido, ela saiu dali emocionalmente quebrada. O impacto do parto na saúde mental não termina na sala de parto: ele pode se arrastar por semanas, meses e até anos, afetando o vínculo com o bebê, com o parceiro e consigo mesma.
Como cuidar da saúde mental após o parto
- Fale sobre o que viveu: conversar com alguém de confiança ou com um profissional especializado pode ajudar muito.
- Não se compare: cada experiência é única, e a sua é válida mesmo que não seja parecida com a de outras mães.
- Peça ajuda: você não precisa dar conta de tudo. Apoio emocional é tão essencial quanto o físico.
- Busque psicólogas especializadas em puerpério: elas compreendem as particularidades dessa fase e acolhem sem julgamento.
Leitura complementar
Se você passou por um parto difícil, talvez se identifique com o post A importância da validação emocional. Muitas vezes, só de ouvir “eu entendo o que você sentiu”, já começamos a curar.
O Ministério da Saúde também oferece informações sobre direitos das gestantes e saúde emocional no pós-parto.
Você também nasceu ali
É verdade: naquele momento, duas vidas nasceram. A do bebê e a da mulher que agora se redescobre. Essa nova versão de você merece acolhimento, cuidado, escuta e respeito.
Se você saiu do parto com feridas que não aparecem no corpo, saiba que elas são legítimas. E você não está sozinha. Há uma rede — mesmo que digital — pronta para te lembrar que sentir tudo isso não te faz fraca. Te faz humana.
Com carinho e empatia,
Akina
Mãe solo de duas meninas gêmeas e fundadora do Meu Pandinha
💛🐼