Mulher acordada na cama olhando para o lado enquanto companheiro dorme ao fundo
Puerpério

Privação de sono no relacionamento

Mulher acordada na cama olhando para o lado enquanto companheiro dorme ao fundo

A privação de sono no pós-parto pode afetar o relacionamento do casal de formas sutis, mas profundas

Privação de sono no relacionamento: como a exaustão afeta o casal

Eu sou Akina, mãe solo de duas meninas gêmeas. E mesmo sem viver a maternidade em casal atualmente, eu sei bem — tanto por experiência passada quanto pelas histórias que ouço — como a privação de sono no relacionamento pode corroer conexões que antes pareciam inabaláveis.

Com a chegada de um bebê, o sono desaparece e a rotina muda completamente. No meio da exaustão, onde tudo parece pesado, o casal pode se perder — um do outro e de si mesmo.

O desgaste silencioso da exaustão

Noites mal dormidas não causam apenas olheiras. Elas criam um campo fértil para impaciência, mal-entendidos e ressentimentos. Além disso, a falta de sono afeta o humor, a libido, a clareza mental e até mesmo a empatia — justamente o que mais é necessário na criação de um bebê.

Em muitos lares, o cansaço não é dividido de forma justa. A mãe acorda diversas vezes, enquanto o parceiro dorme sem perceber. Com o tempo, isso pode transformar amor em mágoa e cumplicidade em cobrança silenciosa.

Frustrações que se acumulam

Uma paciente me contou certa vez: “Eu queria gritar com ele, mas não pelo que ele fez. Pelo que ele não viu. Não viu meu cansaço, não viu meu corpo moído, não viu que eu só queria um turno de 4 horas de sono seguidas”.

Essas dores não são pequenas. Ignorá-las com a ideia de que “isso passa” é negligenciar a raiz de um desgaste emocional real e profundo.

Como atravessar esse período sem se perder

  • Conversem com vulnerabilidade: em vez de apontar o dedo, compartilhe o que sente de forma aberta.
  • Revezem turnos sempre que possível: mesmo que seja uma noite por semana, descanso garantido muda tudo.
  • Peçam ajuda externa: uma avó, uma amiga, uma doula — qualquer apoio pontual pode ser transformador.
  • Nomeiem o problema: reconhecer que a privação de sono existe já alivia a sensação de solidão.

Afeto também se constrói no caos

Amor no puerpério não é sobre flores nem jantar romântico. É sobre lavar uma mamadeira sem que a outra pessoa precise pedir. Também é sobre assumir o choro da madrugada pelo outro. E, principalmente, é sobre perguntar: “Quer que eu fique com o bebê enquanto você dorme?”.

Nos dias mais nublados, um pequeno gesto de cuidado pode fazer renascer o que parecia sumir.

Leitura complementar

Se você está passando por isso, recomendo ler o post O papel do parceiro no puerpério. Às vezes, a ausência de apoio vem da falta de compreensão sobre a intensidade desse período.

Além disso, o Ministério da Saúde oferece informações relevantes sobre os impactos da exaustão materna na saúde emocional da mulher.

Você merece descansar sem culpa

Descansar não é luxo. É sobrevivência. Embora pareça impossível às vezes, encontrar brechas de alívio pode transformar o seu dia. Não se trata de dormir oito horas seguidas, e sim de viver com menos culpa e mais compaixão.

Além do corpo, sua mente também precisa de pausas. Por isso, o silêncio entre duas mamadas pode ser mais reparador do que parece. E quando existe um relacionamento, ele só se sustenta com cuidado mútuo — especialmente nos dias em que o amor precisa ser traduzido em ações práticas.

No pós-parto, a privação de sono é comum. No entanto, não pode ser ignorada. Falar sobre isso, inclusive, já é um começo. É uma forma de se acolher — e de abrir espaço para soluções possíveis, dentro da sua realidade.

💛🐼

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